Se eu tivesse um único sentido
e deste não viesse nada,
a não ser a sombra do que está aqui, agora,
estaria eu em algum lugar onde não percebo,
em algum rincão sem luzes,
que me faz perceber que o real
são toques de seda,
fugaz como o canto de um pássaro,
sem belezas ou declínios
de uma alma inconstante,
de beleza inigualável,
porém não perceptível.
Se um único desejo se fizesse perceber
em um mar de imprevisíveis
sentimentos e emoções,
estaria eu então à deriva de um sentido,
recolhendo dores surdas,
sem que nunca se dissesse
do prazer de ser quem sou.
Desabrocha, então, a vida
de um triste peregrino,
sem constantes morticínios,
sem estrelas nem perigos,
aos quais deva enfrentar,
sob a luz da primavera,
sob o frio solitário,
com os pés já calejados
de uma busca interminável
por sentido a sentir,
revelado, assim, a si,
desvelado sem saber
o que vai acontecer,
o que quer em si nascer.
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