domingo, 29 de maio de 2011

OUÇA-ME!

Tente-me a não estar em um só lugar desta vez.
Faça-me deixar pra lá um mundo no qual não deixo de pensar.
Esteja onde estive e me diga que não foi em vão.
Tente-me a não chorar mais pelo que você fez.

Vire-me e deixe-me ao léu até que eu me aqueça de novo.
Torne-me alguém sem manchas de passado a frio.
Deixe-me estar na sala onde estive irrequieto um dia.
Valha-me, proteja-me, como se nunca fora abandonado.

Conte os segundos da ausência do silêncio
e conforte-me assim que eu chegar do mar revolto.
Fique onde está, estando, assim, onde eu quis.
Não faça nada das coisas que eu fiz.

Chegue de perto, sem soar o sino.
Cerque-me de luz, dando a mim o meu presente.
Venha inquieto por membranas microscópicas.
Toque-me de um jeito que, sem jeito, eu vou gostar.

Vá para além do mistério do ocaso.
Dê do que tem sem jamais querer tomar.
E faça mágica que brilha no olhar.
Coisa fácil de lembrar.

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