Esta vida de surpresas,
de encantos e belezas,
de homens com destrezas,
de tantas facetas,
e eu com minhas manhas...
Este som que eu ouço ao longe,
e me vem de sobressalto;
encanta-me ouvir as folhas
de árvores ao vento,
que trazem o alento
do frescor do fim do dia...
Esta vida de impurezas,
de mentiras e rudezas,
de mulheres maltratadas
pelos machos que elas criam...
E eu com minhas cãs,
observo-as chorarem
por maus feitos de outrora...
Ela agora chora,
pois amava seu rebento.
Para dar o seu sustento,
esqueceu-se de criá-lo...
Ai, vadio homem nu!...
Que fizeste a esta ama?!...
Este véu que vejo à sombra
do solstício do verão,
indo ao culto ao deus pagão,
na cegueira da ilusão
de um dia ver tudo acabar,
de ver a dor amenizar...
Ah! Esta vida de surpresas,
de raras e tantas belezas!...
O poeta dela extrai
tanto o fel como o deleite,
quer não queira ou aceite
a missão de a descrever...
Lanço os olhos sobre o mar...
Lanço os olhos sobre o lar
das Marias enjeitadas.
Olho as vagas a lembrar-me
de que Gaia aí está,
Nunca há de acabar,
apesar da vida alheia
dos humanos,
pobres "nós" a divagar
à deriva de si mesmos...
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