sábado, 17 de dezembro de 2011

MUNDO MEU

Ah, mundo,
se tu soubesses o quanto eu andei,
o quanto esperei de ti um quinhão de certeza.
Virei a mesa, cantei na praça.
Acreditei...

Mundo meu, que partiste de mim,
deixando-me à margem dos porquês.
Mundo em vão, que te viste sem mim,
levando-me à beira do caos.

De amores vivi e me dei sem olhar
que a vida se dá só a quem se esquece
de um dia deixar o outro existir.

Egoísmo, por fim, que palavra tão má.
Realismo, de fato, que veio de lá,
lá da vila aquietada, onde a vida acontece.

E o que vai se dizer se o "dizer" já não diz,
não explica tais fatos, mentiras humanas,
verdades do que somos.

Mundo meu, que criei.
És real só pra mim.
És mentira, enfim, mas és meu.
És tolice de puros como eu.

Ah, como posso não ser tão modesto?...
Como creio que o mundo detesto
se este, em si, não é mais do que eu vejo?
Já não sei se é real ou se é fruto de um mal,
do mal de não ver, de não ser nem poder
inverter o equívoco de um pedaço de sombra
sem luz.

01h29